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16 de julho de 2010

16 DE JULHO DE 1971- UM TRISTE DIA PARA SE LEMBRAR

FOTOS: Arquivo da família e de D. Nilda de Oliveira Reis




MORRE NOSSO PAI ESPIRITUAL MONSENHOR JOAQUIM DE OLIVEIRA NORONHA, O NOSSO "PE. QUINZINHO"

BIOGRAFIA:
JOAQUIM DE OLIVEIRA NORONHA

Joaquim de Oliveira Noronha, nasceu em Conceição dos Ouros, Minas Gerais, em 10.10.1897. Com apenas um ano de idade veio para São Caetano da Vargem Grande ( hoje Brazópolis) com seus pais e irmãos.
Começou sua alfabetização com o professor Alberto Noronha (Bebeto) e com a professora estadual D. Maria Sandi Dias. Ainda muito pequeno, ajudava nas despesas de casa, vendendo doces que eram feitos por D. Elisa, sua mãe . Era uma criança muito bondosa, estudiosa e humilde. Sua formação religiosa começou muito cedo. Era coroinha e tinha aulas com D. Augusto de Assis, vigário de Brazópolis. Foi escolhido, entre todos os coroinhas, para estudar no Seminário de Pouso Alegre, para onde foi em 1908, com apenas 11 anos.




Lá completou o seu curso primário, com vistas no sacerdócio. Foi para Guaxupé, retornando depois a Pouso Alegre, onde recebeu ordens maiores das mãos de D. Otávio Chagas de Miranda, Bispo de Pouso Alegre.
Em 18.09.1920 foi ordenado sacerdote, juntamente com seu grande amigo Alderige Torriani.




No dia 20.09.1921, chegou em Brazópolis para celebrar a sua primeira missa. Foi recebido por Pe. José Corrêa, vigário de Brazópolis, pelo povo, autoridades e associações religiosas com muita festa. Celebrou sua primeira missa na Capela de Nossa Senhora Aparecida.
Em 1922 foi nomeado coadjutor do vigário de Pouso Alegre, Monsenhor Furtado de Mendonça.
Em 1922 foi nomeado vigário de Delfim Moreira, onde ficou até ano seguinte sendo transferido para a Paróquia de Cambuí onde ficou por 4 anos.
Em 19.03.1927, foi transferido, por D. Otávio Chagas de Miranda, para Brazópolis onde substituiu o Cônego Herculano Moreira que foi transferido para outra paróquia . Chegou em Brazópolis às 10 horas da Manhã, sendo recebido com muita festa pelos seus conterrâneos de coração.
Em 22.01.1930 foi levado ao canonicato.
Em 18.09.58 foi levado a Monsenhor, no 38º ano de sua ordenação sacerdotal.
Em 18.09.1945, celebrou suas Bodas de Prata Sacerdotal, celebrando uma missa solene juntamente com seu amigo Cônego Alderige que também, neste mesmo dia, celebrava sua Bodas de Prata em Santa Rita do Sapucaí.
Em 18.09.1970 celebrava sua Bodas de Ouro Sacerdotal em meio a uma grande festa organizada pelos seus paroquianos. Neste dia teve a honra de receber a visita de muitos religiosos, seus amigos e também da imagem de Nossa Senhora Aparecida trazida pelo Padre Vítor.



RECEBENDO A IMAGEM DE N. S. APARECIDA



RECEBENDO A CHAVE DA CASA QUE GANHOU DE SEUS PAROQUIANOS



Foi um verdadeiro ministro de Deus. Transpirava a bondade, estava sempre pronto a ajudar quem precisasse dele. Não fazia distinção entre ricos e pobres, pretos e brancos, velhos ou crianças. Tinha sempre uma palavra amiga a todos. Participava dos problemas da cidade, e muitas vezes deixava de comer para alimentar um pobre. A casa paroquial estava sempre cheia de pessoas que lhe procuravam e eram sempre atendidos com carinho. Foi um missionário exemplar. Para ele não importava se era dia ou noite, se chovia ou fazia sol, à qualquer hora ele saía, sempre com sua batina e chapéu pretos, montado em seu cavalo Segredo, para dar a comunhão a um doente, mesmo que esse morasse há muitos quilômetros de distância. Essas suas viagens à cavalo, renderam-lhe muito problemas de coluna.
Em 16.07.1971, aos 73 anos, faleceu em um hospital de Pouso Alegre, após uma breve enfermidade.
Brazópolis pode contar com o Padre Quinzinho, como gostava de ser chamado, por 44 anos . Ele partiu para junto do Pai, mas até hoje ainda ajuda seus paroquianos sempre que algum pedido lhe é feito.
O povo de Brazópolis, hoje, trabalha para a sua canonização, mas ele já foi canonizado, há muito tempo, em nossos corações. Para nós ele sempre foi o “Santo” Padre Quinzinho.



UMA PESSOA INESQUECÍVEL


Às seis horas da manhã, tudo envolto em brumas, rangem sonolentas as portas da Matriz e a voz sonora do bronze enche os ares; uma figura magra, vestida de crepe, assoma à porta central. E, às brumas matinais se misturam as brumas de seus cabelos.
Humildemente se afeiçoara ,desde a muito, a esse serviço: primeiro abrir a igreja, depois tanger os sinos, esperando os fiéis para oficializar o ato litúrgico. Que de beleza e misticismo não havia naquelas arcadas de simetria gótica, trescalando a incenso, os vitrais colorido filtrando o sol das manhãs plenas de luz, os brancos cor de ébano, os confessionários, o gesso piedoso dos mártires da Igreja nos respectivos nichos, o carrara dos altares. Sim, o que não representaria tudo isso ao velho Pastor que fizera dali o seu mundo?
Quantas prédicas não fizera, e que não eram senão retratos do seu íntimo desapegado dos bens terrenos, e voltado à misteriosa beleza da Eternidade!
Quantas vezes encilhara a cavalgadura para ir ter a um moribundo distante ou rezar missa numa capelinha longe, bem longe, encravada nessas serras das gerais!
Quantas vezes saíra à frente doa préstitos empunhando no hábito o estandarte de Cristo, e a sua figura franzina se erguia gigantesca.
Quantos por ele não se batizaram, não se casaram, não receberam a unção final, com a mesma voz de sempre, paternal e inalterável.
À gravidade do sacerdote estava o lado anedótico, posto que na vida nem tudo é seriedade, como nem tudo risos.
Convidado a lecionar francês, no primeiro dia de aula uma pergunta capciosa de um aluno parecia desmoronar certa regra enunciada. Respondeu o professor sem titubear : ‘É, você tem razão, mas não sabe que toda regra comporta uma exceção?”
Doutra feita, esqueceu-se de dar a benção final e saiu. Saindo lembrou-se e voltou para encerrar a missa, quando quase todos já haviam saído.
Um pobre bateu-lhe à porta e pediu um par de sapatos. Como fizera anos àqueles dias, tomou do presente que recebera, justamente um par de sapatos, e deu-o ao miserável.
Suas últimas palavras em Brazópolis, quando se preparava para ir à Pouso Alegre, a fim de buscar recursos médicos, pareciam-lhe vaticinar a morte: “Esta é a última viagem que faço”. E, de fato, foi.
A morte colheu-o numa manhã fria de julho, dia 16, com 74 anos de idade e 51 de sacerdócio.
Não desejou nada além de uma morte simples, sem epitáfio.
A alma generosa do povo deu-lhe um túmulo de mármore negro, onde perenemente ardem velas votivas e se pedem graças por intermédio de sua alma que continua esparzindo suas graças e consolando os infelizes.

( Artigo publicado no jornal “Can-Can” em 14.07.1974)


ORAÇÃO PEDINDO A BEATIFICAÇÃO DO MONSENHOR JOAQUIM DE OLIVEIRA NORONHA (Padre Quinzinho)

Ó Deus. que em vossa infinita bondade, inspirastes ao Vosso servo, Monsenhor Joaquim, santo sacerdote, um grande desejo de perfeição e o cumulastes de tantas graças, concedei-me imitar sua ardente devoção ao Sagrado Coração de Jesus, seu espírito de sacrifício, seu zelo pelas Vocações Sacerdotais, seu amor à Igreja e a Jesus Eucarístico e, especialmente, sua devoção filial à Maria Santíssima.
Senhor, nós vos pedimos, que ele seja glorificado pela Santa Igreja e que, por sua intercessão, possamos alcançar as graças, que solicitamos.
Por Jesus Cristo, Vosso Filho e Senhor Nosso, na unidade do Espírito Santo.
Amém.
Sagrado Coração de Jesus, eu tenho confiança em Vós!
Doce Coração de Maria, sede a nossa Salvação!
Pai Nosso - Ave Maria - Glória ao Pai.
(+João Bergese, Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre - MG)

4 comentários:

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Tio Quinzinho..pra sempre em nossos corações...abraços com saudades.

Anônimo disse...

tio lauro boas recordacôes do padre quinzinho

Anônimo disse...

APENAS REPARANDO UM ERRO:
Quando se diz ..."juntamente com seu amigo Cônego Alderige que também, neste mesmo dia, celebrava sua Bodas de Prata em Santa Rita do Sapucaí"...
NÃO É SANTA RITA DO SAPUCAÍ
POIS ESTE PADRE(CONêGO ALDERIGÍ)
É DE SANTA RITA DE CALDAS-MG

Parabéns pelo Blog!

Anônimo disse...

Por que sempre se omite que D.Elisa, mãe do Padre Quinzinho era nascida Rabello? Nada contra Noronha, por favor, mas poucos anos antes de seu nascimento as mulheres, ao se casarem, conservavam o seu sobrenome. Ela seria, depois de casada, Elisa Noronha Rebello. Acho injusto com sua ascendência, tão honrada quanto a de seu marido

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