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20 de novembro de 2010

AS MOSCAS - Fátima Noronha

Chegando em casa foi direto tomar seu banho. Assim que ligou o chuveiro viu que não havia água. A mãe lhe explicou:

_ Cortaram a água de manhã, por causa de um vazamento na rua e que ainda não ligaram.

Reclamando muito, desistiu de tomar seu banho e foi para o quarto. Foi aí que ouviu uma voz, que lhe chegava aos ouvidos como uma melodia. Quase não acreditou, a mulher a quem amava secretamente estava em sua casa. Suas pernas tremeram e ele ficou sem saber o que fazer. Ir até a sala sujo, suado não ficaria bem. Mas sem água, como tomaria seu banho? Aproveitou enquanto as duas conversavam distraídas e sorrateiramente correu para a cozinha. Uma água borbulhava no fogão.

_ É com esta água mesmo que tomo meu banho - pensou.

Colocou a água na banheira, pegou mais um pouco de água fria que estava num balde e tomou apressado seu banho. Perfumou-se todo e foi até a sala. Não poderia perder a oportunidade de falar de pertinho com aquela fazia parte de seus sonhos.

A mãe, ciente dos sentimentos do filho para com a moça, pediu licença pra fazer um cafezinho e tratou de deixá-los sozinhos.

Ele, todo gentil, elogiou a beleza da moça e sem perder tempo sentou-se bem junto dela.

Conversa vai, conversa vem, aparece uma mosca que cisma em pousar em sua cabeça. Ele, apressado, toca a danada, que após um vôo breve volta. Já irritado com aquilo, ele vai ficando sem graça. Mas parecia que quanto mais tocava, mais a mosca queria ficar. Alguns segundos depois vieram mais duas, depois mais...

Ele não estava entendendo. Tinha colocado seu melhor perfume, e decididamente não era do tipo de atrair moscas. A situação foi ficando constrangedora. A moça tentava fingir que não notava, mas era impossível. Ele, nervoso, começa a suar. Ao colocar a mãos na testa notou que seu suor estava grosso e grudento.

Somente quando sua mãe volta da cozinha, foi que ele entendeu o que estava acontecendo.

- Eu tinha deixado a água doce no fogo pra fazer o café, mas ela sumiu. Tive que colocar outra, por isso demorei um pouco.

E a moça, olhando pra ele, falou sorrindo:

- É, parece que as moscas mesmo gostam de água com açúcar...

(Crônica do Livro "Noronhando...")

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