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AQUI, FÁTIMA NORONHA TRAZ NOTÍCIAS DE SUA PEQUENA BRAZÓPOLIS, CIDADE DO SUL DE MINAS GERAIS.

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13 de novembro de 2010

AUTOBIOGRAFIA - Regina Maria Guimarães Gomes Lopes

Minha garimpagem nas recordações situa-se nos anos 60, em Brazópolis, MG, quando explorávamos a cascata de propriedade do senhor Joaquim Gonzaga, nosso vizinho na cidade e muito amigo da nossa família.

Era então, um ambiente natural belíssimo e nós a visitávamos em grande extensão: tinha o poção (nós sempre o aumentávamos), o pocinho e a cascata. Este prazer nos era permitido, especialmente, nas férias escolares: minha mãe o autorizava desde que fizéssemos todo o trabalho da casa, a qual era bem grande. Providenciávamos tudo, enquanto os irmãos menores avisavam os amigos, para se encontrarem conosco a uma da tarde, e, este horário era sagrado; saíamos com quem estivesse. Muitas vezes já estávamos bem adiantados e lá vinha alguém atrás, correndo para nos encontrar. (O poção e o pocinho eram do Sr. Joaquim e a cascata era do Sr. Benedito Mendonça, também grande amigo).

Aqui registro o nosso grupo: meus irmãos, Marcos, Zélia, Maria Célia, Maria Ângela, Cristina, Caio, Beatriz, João, Caetano e José Renato, e os amigos Luzimar, Lúcia e Quinzinho Gonzaga. As crianças da roça também nos acompanhavam.

Passávamos a tarde toda até às seis horas, aprendendo a nadar, dar saltos e arrumando o poção. Muitas vezes nadamos na chuva. Em uma determinada hora fazíamos o nosso lanche.

O interesse pela cascata ampliou-se pela cidade e ela acabou sendo doada ao poder público – a comitiva da Prefeitura Municipal, incluindo minha mãe, D. Denise – (esposa do Sr. Caetano, alfaiate) e que era Inspetora Municipal, foi pedi-la ao Sr. Benedito Mendonça, ex-prefeito, o qual gentilmente a doou.

Construiu-se, então, um balneário que era visitado pelos moradores da cidade e pelos das cidades circunvizinhas. Era uma atração muito agradável, já que não dispunhamos de uma piscina pública na cidade. Ela teve aves de diferentes espécies e flores a enfeitando. Teve até um leão enjaulado.

A cascata dista do centro da cidade uns 3 a 4 kms., portanto ela é quase urbana. Morávamos a uns 100 ms da Igreja Matriz de São Caetano, ponto central da cidade, para onde convergiam as outras ruas.

O caminho para a cascata pegava uma parte da antiga estrada férrea que com o tempo e a desativação dos trens, praticamente em todo o interior, pelos idos de 70, teve seus trilhos arrancados e assim o caminho foi aberto para mais um novo bairro.

A cascata nos traz muitas saudades de um tempo bom em que curtíamos a natureza e éramos, quase, totalmente despreocupados.

Brazópolis é uma encantadora cidadezinha, encrustrada ao sul da Serra da Mantiqueira. Tem temperatura agradável o ano todo, e um céu limpíssimo, e que por esse motivo possui o Observatório Astrofísico (um dos maiores do Brasil) e que realiza investigações espaciais. É chamada de “Cidade Presépio” pois ao chegarmos, já a visualizamos em toda a sua extensão, e realmente parece um presépio visto estar situada num vale. Tem vida cultural intensa e anexa a esta está o “Jornal Oficial de Brazópolis” onde nos inteiramos dos últimos acontecimentos. Seus filhos que um dia a deixaram por motivos profissionais, retornam à ela, com carinho, proporcionando-lhe melhoramentos.

Infelizmente a cascata foi alvo de poluição, por culpa do próprio poder público que permitiu se construísse um lixão um tanto quanto distante, mas que com o tempo começou a exalar o chorume que escorria para as águas da cascata, poluindo-a. Acabou sendo fechada por questões de saúde pública.

Há uns 16 anos eu fui pessoalmente falar com o prefeito e ele me garantiu que em seis meses ela estaria liberada, mas isso não aconteceu.

Tem quase quatro anos saiu no jornal oficial da cidade (janeiro de 2007) que a verba para recuperação da cascata tinha chegado, mas não me consta que algo tenha sido feito. É uma pena pois ela era o lazer da nossa população, já que era aberta a todos.

Neste pequeno relato perpassamos pela História, Geografia, Política, envolvimentos afetivos, Meio Ambiente, paisagens...saudades...!

Para terminar cito uma passagem engraçada: havia uma rivalidade entre as cidades de Itajubá e Brazópolis: os estudantes daquela colocaram uma placa dizendo “Visite Brazópolis antes que acabe!”. Bem, a cidade não acabou e, pelo contrário cresceu em todas as direções, possindo casas luxuosíssimas. Eu gostaria de morar lá novamente, mas o preço de seus imóveis é proibitivo – compete com os do Rio de Janeiro.

A título de curiosidade possuo uma casa e um pequeno sítio na cidade de Itajubá, que dista 26 kms. de Brazópolis, portanto, eu estou sempre por perto dela e constantemente a visito.


Universidade Estácio de Sá – Campus Jacarepaguá

Curso de Pedagogia

Disciplina – Conteúdo e Metodologia do Ensino de Geografia e História

Professora: Glória Cecília S. Silva

Aluna – Regina Maria Guimarães Gomes Lopes

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