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23 de março de 2012

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Desabafo de um  cão abandonado

Sabe,  ainda não entendi. Viemos à praça, pensei ser um passeio; estranhei, ele não tinha esse hábito, mas fui, feliz.

Lá chegando, ele me deu as costas, entrou no carro, e nem me disse adeus.

 Ainda tentei segui-lo mas me perdi. Que teria feito eu de tão mal?

À noite, quando ele chegava, eu abanava o rabo, feliz, mesmo que ele nunca viesse  me ver.

Às vezes eu latia, mas era para avisar que tinha estranhos no portão.

E agora? O que faço? Ninguém volta pra me buscar...

 

Já faz muitos dias que estou andando pelas ruas procurando minha casa. Estou faminto, só bebo água suja, meus pêlos estão caindo. Nossa, como estou magro!

Os cantos que arrumo para passar a noite, faz muito frio, venta, o chão às vezes está molhado.

Tento explicar, latindo,  para as pessoas que passam que fui abandonado, mas a maioria corre de mim com medo. Outras fazem cara de nojo.  Alguns olham com piedade, mas seguem seu caminho sem me levar com eles. Sinto tanta falta de um carinho!

Encontro outros amiguinho que moram na rua como eu. Estão também, magros e famintos.

Acho que vou morrer... Mas qualquer coisa será melhor que esta vida de sofrimento que estou levando! Mas vou morrer preocupados com todos esses outros amiguinhos que vão ficar neste sofrimento.

Tomara que apareça alguém que tenha compaixão e cuide deles, diminua-lhes a fome, o frio e lhes dê carinho.

Deus, estou morrendo nesta noite gélida. Meu corpo não aguenta mais!

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