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10 de fevereiro de 2013

Ninguém precisa saber - Maíra Cintra



 Ninguém precisa saber que eu choro aqui dentro enquanto o mundo inteiro sorri lá fora, nem que penso bobagens quando não acho a saída, nem que eu fico madrugadas em claro pensando na vida. Ninguém precisa saber que eu sinto saudades de tudo o que não aconteceu, nem que eu tento controlar essa ansiedade escrevendo coisas sobre mim. Eu tento me conter a sentimentos vazios, frios, loucos, mas não consigo. Eu sempre me acabo em um canto, me espremendo, me encolhendo, aumentando esse vazio que não sei de onde vem, se de dentro de mim ou da falta de alguém.
Ninguém precisa saber que eu escuto algumas músicas e lembro-me de você, nem que eu bebo e perco o chão, nem que eu fumo pra me esquecer dessa solidão. Ninguém precisa saber que eu sou teimosa e não consigo me obedecer, nem que eu faço promessas e não cumpro, nem que para escrever eu deixo a TV no mudo. Ninguém precisa saber dessa falta que sobra, nem o que eu penso sobre esse mundo. Ninguém iria me escutar ou fariam-se de surdos.
Então fica assim, vou embora porque preciso ir, escrever outra história, escutar outras músicas, ler outros livros, conhecer pessoas novas. Não sei se a minha vida vai mudar nas próximas 24 horas ou daqui uns 30 anos. Não sei se essa semana irá ser diferente ou irá ser como as outras, não sei se alguém vai me ligar para perguntar como eu estou, na verdade, ninguém precisa saber que eu sinto falta disso. Ninguém precisa saber que eu finjo ter paciência e sofro com isso.

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